Publicado no Avante!-PCP
Por uma diferença de 0,78 por cento, correspondendo a 50,07 para o «Não» e 49,29 para o «Sim» no primeiro bloco, e de 2,11 por cento, correspondendo a 51,05 para o «Não» e 48,94 para o «Sim» no segundo bloco, a proposta de alteração a 69 dos 350 artigos da Constituição da República Bolivariana da Venezuela foi chumbada, domingo, nas urnas.
Reagindo à vitória da oposição – que antevendo um resultado negativo se apressou a qualificar o acto de antidemocrático para, depois, se desdizer com a habitual leveza mediática -, o presidente Hugo Chávez saudou a postura serena e democrática do povo no referendo considerando-a um sinal de maturidade, mas lembrou que caso o triunfo tivesse sorrido ao «Sim» por uma diferença tão curta, governo e partidários do projecto de reforma constitucional seriam alvo de uma caluniosa campanha da direita.
Ao analisar os resultados do sufrágio, Chávez disse que quem derrotou a reforma foi a abstenção - cerca de 44,11 por cento, segundo dados oficiais da Comissão Nacional de Eleições -, uma vez que ambos os campos políticos perderam votos relativamente às últimas presidenciais.
Resistir e avançar
Particularmente penalizados pelas faltas de comparência nas assembleias de voto, os bolivarianos, que perderam três milhões de votos face a 2006, têm agora que reflectir sobre as razões da desmobilização eleitoral dos seus apoiantes, sublinhou Chávez, por isso, «vamos ouvi-los e tentar convencê-los de que este projecto é deles e para eles», acrescentou.
O presidente recusa, no entanto, deixar cair o objectivo de construção do Socialismo, projecto que exige «uma batalha longa» e o reforço do actual processo revolucionário bolivariano, aduziu, antes de reafirmar que as transformações sociais em curso não vão ser abandonadas, mas tão somente conformadas com os limites e potencialidades permitidas pelo actual texto fundamental, aprovado por larga maioria em 1999.
Quanto às propostas de alteração levadas a consulta, Chávez afirmou que «por agora» têm que ficar adiadas, mas vão voltar a ser alvo de apreciação popular porque, sustentou, «ali está uma proposta que é positiva, inclusivamente para muitos dos que votaram contra ela».
PC da Venezuela sobre o referendo
«Um episódio da luta de classes»
O Partido Comunista da Venezuela comentou a vitória da oposição no referendo de domingo frisando que «se perdeu uma batalha, mas não a guerra contra o imperialismo».
Em declarações publicadas no Tribuna Popular, o secretário-geral do PCV, Oscar Figuera, disse que «se viveu um novo episódio da luta de classes, do intenso combate ideológico que se desenrola no país relativamente à sua transformação, ao avanço da revolução e dos interesses do povo».
Figuera lembrou a campanha movida pela oligarquia venezuelana, que não hesitou em «manipular velhos e ancestrais medos e preconceitos históricos». «Uma proposta dirigida a aprofundar a democracia, com um conteúdo cada vez mais popular, de transformação do Estado e de reordenamento do território, enfrentou toda uma campanha onde se exploraram os supostos riscos contra a propriedade, um suposto risco contra a família e um suposto risco contra a religião, três valores ancestrais da sociedade capitalista», continuou.
O líder comunista venezuelano rejeitou ainda derrotismos na análise do sufrágio e destacou que «demos um imenso avanço qualitativo na consciência popular, não sendo de menor importância o facto de mais de 4 milhões de venezuelanos terem optado pelo Socialismo no contexto de uma campanha mediática infernal». Por isso, pediu empenho a todos os militantes comunistas alertando que «em todo o processo revolucionário é necessário e insubstituível a existência de um instrumento político e revolucionário e de uma Direcção Colectiva Unificada que conduza a revolução»...Voltar ao inicio desta nova