Polo seu interese publicamos este importante documento que se difunde en Portugal polos camaradas do PCP e asinan importantes persoeiros da vida científica e intelectual portuguesa.
[Partido Comunista Português]
Intelectuais portugueses consideram que «estamos perante um crescendo de irracionalidade brutal, cuja principal origem não reside, como afirma a ideologia dominante, na violência inata de grupos humanos atrasados e fanatizados, mas sim no sistema globalizado de exploração, domínio e opressão que espalha à escala planetária violência, agressão, atraso e miséria» e decidiram promover um abaixo-assinado dirigido a todos os que «independentemente de diferentes apreciações individuais sobre várias das matérias em causa» não deixarão, com o seu silêncio, que se repitam actos e tragédias que marcaram a horror e a fogo a face dos povos.
Apelo à consciência dos povos
Por diversas vezes, na história, intelectuais têm assumido o dever, entendido simultaneamente como direito, de lançar um grito de alerta.
O momento actual clama por um veemente apelo à consciência dos povos. Estamos perante um crescendo de irracionalidade brutal, cuja principal origem não reside, como afirma a ideologia dominante, na violência inata de grupos humanos atrasados e fanatizados, mas sim no sistema globalizado de exploração, domínio e opressão que espalha à escala planetária violência, agressão, atraso e miséria.
Foi num ambiente semelhante que, há menos de um século, germinaram as ideologias e os regimes fascistas e nazi-fascistas protagonistas das maiores tragédias que a humanidade viveu até hoje. É nesse ambiente que renascem e ganham fôlego novas expressões do mesmo flagelo.
Hoje, como então, avançam sob a capa do anticomunismo. Clamam pela criminalização, a perseguição, a proibição da existência e da acção dos comunistas. Mas o que pretendem de facto criminalizar, perseguir e reprimir é a liberdade, a democracia, o direito dos trabalhadores, dos cidadãos, dos povos à resistência e à luta por direitos humanos, pelo simples direito a sonhar, sequer, que outra sociedade é possível.
Não usam, hoje, camisas negras ou castanhas os porta vozes deste sombrio programa. Vestem fato e gravata e têm assento em importantes organismos internacionais.
Quiseram aprovar no Conselho da Europa uma resolução anticomunista que, se aplicada, teria como consequência uma implacável escalada persecutória, de repressão e de violência, não apenas contra os comunistas mas contra todos os que resistem e lutam contra o intolerável estado de coisas hoje dominante. Há muito que não era ouvida com tanta clareza, numa instituição europeia, a voz secular da opressão, do ódio à duríssima marcha da emancipação humana.
Conhecemos, por dolorosa memória histórica, o significado destes sinais.
Este é, por isso, o momento para exercermos o dever e o direito de lançar um vigoroso e urgente grito de alerta.
Independentemente de diferentes apreciações individuais sobre várias das matérias em causa, não deixaremos que, com o nosso silêncio, se repitam actos e tragédias que marcaram a horror e a fogo a face dos povos.
Não permitiremos, com o nosso silêncio, que a história se repita.
Primeiros subscritores:
Álvaro Magalhães - Escritor
Álvaro Siza Vieira - arquitecto
Domingos Tavares - Professor Universitário
Eduardo Souto Moura - Arquitecto
Filipe Diniz - Arquitecto
Frederico Carvalho - Investigador
Hélder Costa - Autor, Encenador
Isabel Allegro de Magalhães - Professora Universitária
João Arsénio Nunes - Historiador
João Ferreira - Bolseiro de Investigação
José António Gomes - Escritor
José Barata Moura - Reitor da Universidade de Lisboa
José Luís Borges Coelho - Músico
José Rodrigues - Artista Plástico
José Saramago - Escritor, Prémio Nobel da Literatura
Manuel Gusmão - Jornalista, Escritor
Maria Helena Serôdio - Professora Universitária.
Miguel Urbano Rodrigues - Escritor
Óscar Lopes - Escritor
Rogério Ribeiro - Artista Plástico
Rui Namorado Rosa - Professor Universitário
Urbano Tavares Rodrigues - Escritor
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