25 DE ABRIL, SEMPRE!

25 de Abril sempre!

Cravos de Abril a florir em Maio

(...) De tudo o que Abril abriu

ainda pouco se disse

e só nos faltava agora

que este Abril não se cumprisse (...)

Ary dos Santos

Portugal fica sempre mais bonito quando o povo sai à rua com o seu traje de festa, com a sua roupa de luta. O chão das nossas cidades ganha vida com o passo firme das gentes que desfilam empunhando bandeiras como se fossem punhos erguidos, ostentando ao peito cravos vermelhos a pulsar como corações, fazendo ouvir as suas reivindicações e palavras de ordem afirmando a vontade de um povo que aprendeu a ser livre e não mais voltará a deixar-se acorrentar.

Seja nas capitais de distrito ou na mais pequena das aldeias, a gente passa à vontade quando pisa o nosso chão, como escreveu o poeta Joaquim Pessoa. É em defesa desse chão, da vida que queremos nossa, construída pelas nossas mãos, que o 25 de Abril permanece no imaginário colectivo como um cravo vermelho nas mãos de uma criança: símbolo de luta e esperança, símbolo de vida e de futuro.

E se já não há cravos nos canteiros da Câmara de Lisboa ou nas lapelas de vira-casacas que trataram de meter na gaveta as promessas de uma sociedade mais justa e solidária, mais razões assistem aos trabalhadores e ao povo português para cuidar dos cravos de Abril. Foi o que sucedeu de novo neste ano de 2008, quando as sementes lançadas à terra e germinadas há 34 anos levam já 32 anos de permanentes ataques das ervas daninhas do capital.

Neste 25 de Abril, o País acordou com as notícias sobre a preocupação de Cavaco Silva quanto ao desconhecimento dos jovens sobre a história de Portugal. Do que não houve eco foi da preocupação com as preocupações dos portugueses, que nesse mesmo dia, à tarde, exigiram nas ruas direito ao trabalho, melhores salários, liberdade sindical, direito à saúde, à habitação, a uma vida condigna e a uma velhice sem sobressaltos.

De Norte a Sul, no Continente como nas Ilhas, as palavras de ordem foram as mesmas, tendo como pano de fundo as dificuldades crescentes de quem trabalha e as ameaças que se avolumam no horizonte com as propostas do Governo para a revisão do Código de Trabalho. Palavras de ordem de protesto e luta, que Abril continua por cumprir e Maio é já prenúncio de Verão quente, mesmo se nesta luta não há lugar para estações.

Dos trabalhadores despedidos aos jovens sem trabalho, dos reformados com pensões de miséria aos militares amordaçados, dos professores humilhados aos operários oprimidos, das crianças sem pão às mulheres discriminadas, há um mundo de revolta que se agita e uma ira que cresce sem limites.

Como disse o poeta e comunista Ary dos Santos, (....) Com bandarilhas de esperança/

afugentamos a fera/estamos na praça/da Primavera. /Nós vamos pegar o mundo/pelos cornos da desgraça/e fazermos da tristeza/graça.

São os cravos de Abril a florir em Maio. Vamos passar ao futuro

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