Vº ANIVERSARIO DO COMENZO DA GUERRA E OCUPACIÓN DO IRAQUE

O Iraque, unha chamada á consciencia*

A guerra, o sufrimento non nos debe deixar indiferentes. Hai que apoiar á resistencia iraquí, á palestina ou a libanesa. A todas as resistencias. E nos nosos países, mantendo o que albiscamos de como o poder se aferra ás razóns de Estado, denunciar a eses Gobernos servidores do imperialismo, negador do dereito dos pobos a vivir independentemente. Transformando as tomas de consciencia en acción solidaria.

Hai un verso desgarrador de León Gieco que nos serve de revulsivo do que foi a invasión do Iraque no seu quinto aniversario. Di ..“só lle pido a Deus que a guerra non me sexa indiferente, …”. Oímolo aínda na voz de Mercedes Sosa.

A invasión do Iraque e a coloniaxe posterior, o fomento do sectarismo até lograr a desaparición como Estado independente; os case 13 anos previos dun embargo criminal que ocasionaron centos de milleiros de mortes; a guerra fratricida contra Irán estimulada polos estrategas da xeoestratexia imperial estadounidense, aplaudida polas petromonarquías; a guerra polo control do petróleo e o castigo directo ou interposto ás nacións que pretendesen un aproveitamento interno e non unhas regalías ás multinacionais e aos gobernantes locais serviu de aprendizaxe político a unha xeración de como as gastan no imperio do capital.

Porque este conflito tivo a virtualidade, diante da obcecación do entón Goberno do PP, presidido por Aznar, de explicitar o determinismo do capital por dominar e complementariamente destruír a opcións enfrontadas e que supuxesen problemas estratéxicos. A acumulación de tensión, incluíndo un apoio ideolóxico a unha normalización de Israel por riba do dereito internacional, a mudanza de moeda nas transaccións comerciais, do dólar ao euro; o control e botín do petróleo, e unha dependencia maior dos réximes das petromonarquías ao Tío Sam, precipitouse nunha invasión catastrófica para a poboación iraquiana.

Os burdos pretextos, as mentiras empregadas para confundir ás opinións públicas e ao conxunto dos gobernantes feitas polos adaís da invasión Bush, Blair, Aznar apoiadas polo sistema anfitrión das Azores, o actual Presidente da Comisión Europea, Durão Barroso, non conseguiron convencer e as súas formulacións ficaron espidas. Mágoa que, unha vez producida a invasión, diante dun fenómeno estendido de insurrección das consciencias, os Gobernantes europeus voltasen ás andadas de lexitimar as accións militares, e por cuestións de Estado, voltaran a utilizar a ONU e recompuxeran as relacións cos agresores, deixando a coherencia, porque no fondo hai unha relación ideolóxica moi estreita, sen valores de xustiza, de interese capitalista. O exemplo sería o Goberno de Rodríguez Zapatero que aproba un Tratado militar bilateral cos EEUU, facilita medios logísticos para afortalar a invasión coas Bases de ‘utilización conxunta', apoia o envío de tropas ao Afganistán ou Líbano, reducindo o esforzo militar estadounidense, permite o paso de avións con presos de Guantánamo, ten unha fragata ao mando dos operativos estadounidenses, etc.

A guerra, o sufrimento non nos debe deixar indiferentes. Hai que apoiar á resistencia iraquiana, á palestina ou libanesa. A todas as resistencias. E nos nosos países, mantendo o que albiscamos de como o poder se aferra ás razóns de Estado, denunciar a eses Gobernos servidores do imperialismo, negador do dereito dos povos a vivir independentemente. Transformando as tomas de conciencia en acción solidaria.

*Santiago González

Comité de Solidariedade coa Causa Árabe

.........................................................................................

IRAQUE… CINCO ANOS



Ângelo Alves Membro da Comissão Política

Partido Comunista Português

Assinalam-se hoje os cinco anos do início da Guerra do Iraque. Uma guerra de ocupação sustentada por mentiras e manipulações, que levou ao Iraque uma colossal tragédia humana e a ameaça constante de guerra a toda a região do Médio Oriente.

«Nesta hora difícil, Portugal reafirma o apoio aos seus aliados, com quem compartilha os valores da liberdade e democracia e faz votos de que esta seja uma acção tão rápida quanto possível e que cumpra todos os seus objectivos

Foi com estas palavras que Durão Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, selou o vergonhoso envolvimento do governo português na guerra imperialista. Declarações feitas na sequência dos bombardeamentos a Bagdad da madrugada de 20 de Março e quatro dias após a tristemente célebre cimeira dos Açores que ligou o território português à história de mais um grande crime imperialista.


Passados cinco anos, a história e a realidade evidenciam por si só a carga de hipocrisia e o carácter criminoso de tais declarações. O milhão de vitimas mortais da guerra; os dois milhões de iraquianos que foram obrigados a fugir do seu país; os assassinatos selectivos de grupos
específicos da sociedade iraquiana (como os intelectuais); as armas proibidas como o fósforo branco são, entre muitos outros exemplos, testemunhos do cortejo de horrores que é esta ocupação imperialista.

Um crime cometido com o recurso às mais descaradas mentiras. As armas de destruição massiva de Saddam não existiam e o que se veio a revelar é que foram as provas sobre as supostas armas que foram «massivamente» manipuladas e forjadas. Sobre a ligação ao terrorismo, afirmada mil vezes, é agora pelas mãos da própria nomenclatura militar norte-americana que surge mais uma confirmação do que era já há muito conhecido. Não existiam ligações entre o Iraque e a Al-Qaeda, afirma um relatório do Pentágono que a actual administração tentou já em cima da hora e sem sucesso esconder dos norte-americanos e do mundo.

Entretanto os «valores da liberdade e da democracia» referidos por Barroso e o «respeito pelos direitos humanos e uma visão humanista» de que José Sócrates considerou serem os EUA «um exemplo», traduzem-se no recurso à tortura, nos voos da CIA, nas prisões clandestinas espalhadas pelo mundo, na nomeação de um governo fantoche, etc, etc.

Crimes e hipocrisias


De facto a História encarregou-se de demonstrar a essência criminosa desta guerra e sobretudo a sua real razão – a sede de domínio do imperialismo na região do Médio Oriente e claro… o petróleo. Uma realidade mais do que evidente desde o início da guerra e que milhões de pessoas denunciaram nas ruas em todo o Mundo em poderosas jornadas mundiais de luta pela paz e que em Portugal se traduziram, entre outras, na célebre manifestação de 100 mil pessoas no Rossio.


E é importante lembrar, passados cinco anos, que enquanto o povo português se manifestava nas ruas contra a guerra com uma participação dedicada e activa do PCP, o PS, então na oposição, fazia uma manobra de malabarismo político e inventava um encontro de última hora com Durão Barroso para tentar esconder a sua posição de conivência com a guerra como o bem demonstrou a posição do Presidente da República - à data o socialista Jorge Sampaio – de aceitação do envolvimento de Portugal na guerra.


A história da guerra do Iraque é de facto a história da postura criminosa da direita, da hipocrisia da social-democracia e da chamada «comunidade internacional». Depois de espezinhado o direito internacional, o Conselho de Segurança das Nações Unidas viria, numa acção de submissão aos EUA, a aprovar uma resolução de branqueamento do crime imperialista que provou cabalmente que as posições iniciais de algumas potências europeias contra a guerra tinham sido tudo menos posições de princípio. A prová-lo estão hoje as propostas de resolução apresentadas pela maioria do Parlamento Europeu que visam uma maior participação da União Europeia na ocupação do
Iraque.

Mas, a história da guerra do Iraque é também a história de resistência do seu povo. Os desejos de Durão Barroso de que «a acção» fosse «tão rápida quanto possível» e que cumprisse «todos os seus objectivos» nunca estiveram tão longe de serem realizados e o povo iraquiano e a sua resistência provam em cada dia que mesmo frente aos mais poderosos exércitos do mundo, mesmo pressionado pela chantagens do terrorismo e da violência sectária, se um povo tomar
nas suas mãos a defesa da soberania do seu país, dificilmente é derrotado. E isso é uma grande lição… para o imperialismo e para todos os povos do Mundo.

O imperialismo não está derrotado, como o está a provar a abertura de novas frentes de guerra um pouco por todo o mundo, mas o povo iraquiano resiste e com ele somos solidários. [Voltar ao inicio desta nova]